Dieta: Por que comer menos não funciona?


No início da década de 1990 foi lançado nos EUA um grande estudo sobre tópicos da saúde da mulher, o Women's Health Initiative (WHI). Quase 50 mil mulheres foram recrutadas para este estudo, e um dos tópicos abordados era o impacto de uma dieta pobre e gorduras sobre a saúde. Cerca de 20 mil mulheres foram escolhidas aleatoriamente e foram instruídas a comer uma dieta pobre em gorduras, rica em fibras, com bastante frutas e vegetais. Além disso, recebiam acompanhamento nutricional para garantir que continuassem na dieta.

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 Este grupo comeu em média 360 calorias a menos por dia do que comia antes de iniciar o estudo. Se nós acreditamos que as pessoas engordam um pouco a cada ano pois comem um pouco de calorias a mais todos os dias, deveríamos acreditar que estas mulherer que comiam um pouco a menos todos os dias (cerca de 20% a menos do que as autoridades dizem que uma mulher adulta deveria comer) deveriam emagrecer significativamente com o passar do tempo.

Qual foi o resultado? Após 8 anos comendo menos, as muheres perderam em média 1 (um) Kg. E, ao mesmo tempo, a circunferência abdominal aumentou (ou seja, o pouco peso perdido foi de massa magra, e não de godura!).



 Se apenas fizéssemos a matemática do balanço calórico (1 Kg de gordura contém cerca de 7.000 calorias), e SE o paradigma do balanço calórico fosse verdadeiro, estas mulheres deveriam ter perdido mais de 1 Kg de gordura não em 8 anos, mas na primeiras 3 semanas (7000 calorias dividido por 360 calorias = 19 dias). Os livros "Why we get fat" e "Good Calories, Bad Calories" contém inúmeros outros exemplos de estudos científicos controlados, mas a mensagem é clara: restrição calórica leva a perdas de peso modestas, apenas nos primeiros meses, e em 1 ano quase todos os pacientes ganham (ou excedem) novamente o peso perdido.
Mais uma vez, se comer menos não cura a obesidade, não estaria na hora de questionar se comer mais é realmente a causa?

Minha fotoJose Carlos Souto: Médico urologista, formado em 1993 pela UFGRS, com pós-graduação em patologia experimental na FFFCMPA e nos EUA. Atualmente com interesse especial sobre a interface entre nutrição e saúde, após constatar que as orientações dietéticas tradicionais (pirâmide alimentar, etc), não são baseadas em ciência e em evidências, e produzem mais malefícios do que benefícios.

http://lowcarb-paleo.blogspot.com.br
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